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Johann Wolfgang von Goethe (1829) 

Livro do amor

O mais singular livro dos livros

É o livro do Amor;

Li-o com toda a atenção:

Poucas folhas de alegrias,

De dores cadernos inteiros.

Apartamento faz uma secção.

Reencontro! um breve capítulo,

Fragmentário. Volumes de mágoas

Alongados de comentários,

Infinitos, sem medida.

Ó Nisami! — mas no fim

Achaste o justo caminho;

O insolúvel, quem o resolve?

Os amantes que tornam a encontrar-se.

Lesebuch
Wunderlichstes Buch der Bücher
Ist das Buch der Liebe;
Aufmerksam hab ich’s gelesen:
Wenig Blätter Freuden,
Ganze Hefte Leiden;
Einen Abschnitt macht die Trennung.
Wiedersehn! ein klein Kapitel,
Fragmentarisch. Bände Kummers
Mit Erklärungen verlängert,
Endlos, ohne Maß.
O Nisami! – doch am Ende
Hast den rechten Weg gefunden;
Unauflösliches, wer löst es?
Liebende, sich wieder findend.
– Johann Wolfgang von Goethe, em “Divã Ocidental-Oriental”. [tradução de Paulo Quintela].

Mar calmo
Tranqüilo, o mar não canta nem ondeia.
O nauta, imerso noutro mar de mágoas,
Os olhos tristes e úmidos passeia
Pela tranqüila quietação das águas.

A onda, que dorme quieta, não espuma;
O astro, que sonha plácido, não canta,
E em todo o vasto mar, em parte alguma
A mais pequena vaga se levanta.

Meeres stille 
Tiefe Stille herrscht im Wasser, 
Ohne Regung ruht das Meer, 
Und bekümmert sieht der Schiffer 
Glatte Fläche ringsumher.

Keine Luft von keiner Seite! 
Todesstille fürchterlich! 
In der ungeheuern Weite 
Reget keine Welle sich.
– Johann Wolfgang von Goethe. [tradução Francisca Júlia]. In: GOETHE – Poesias Escolhidas. (Organização e seleção Samuel Pfromm Netto). Série Raízes Clássicas. 1ª ed., Campinas/SP: Editora Átomo, 2002.


Mignon
Conheces o país onde os limões florescem
E laranjas de ouro acendem a folhagem?
Sopra do céu azul uma doce viragem
Junto ao loureiro altivo os mirtos adormecem. 
Conheces o país? 

É onde, para onde 
Eu quisera ir contigo, amado! Longe, longe! 

Conheces o solar? O teto que descansa 
Nas colunas, a sala, os quartos luminosos, 
E as estátuas a olhar-me, os mármores zelosos:
Que fizeram a ti, minha pobre criança?
Conheces o solar?

É onde, para onde 
Eu quisera ir contigo, amigo! Longe, longe! 

Conheces a montanha e a vereda de bruma, 
A alimária que busca a enevoada senda?
Nas grutas ainda vive o dragão da legenda,
A rocha cai em ponta e à roda a onda espuma,
Conheces a montanha?

É onde, para onde 
Nosso caminho, pai, nos chama. Vamos. Longe.


Mignon

Kennst du das Land, wo die Zitronen blühn,
Im dunkeln Laub die Goldorangen glühn,
Ein sanfter Wind vom blauen Himmel weht,
Die Myrte still und hoch der Lorbeer steht?
Kennst du es wohl? Dahin!
Dahin möcht’ ich mit dir,
O mein Geliebter, ziehn.

Kennst du das Haus? Auf Säulen ruht sein Dach,
Es glänzt der Saal, es schimmert das Gemach,
Und Marmorbilder stehn und sehn mich an:
Was hat man dir, du armes Kind, getan?
Kennst du es wohl? Dahin!
Dahin möcht’ ich mit dir,
O mein Beschützer, ziehn.

Kennst du den Berg und seinen Wolkensteg?
Das Maultier such im Nebel seinen Weg,
In Höhlen wohnt der Drachen alte Brut;
Es stürzt der Fels und über ihn die Flut.
Kennst du ihn wohl? Dahin!
Dahin geht unser Weg!
O Vater, laß uns ziehn!

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