GOETHE – ALGUNS POEMAS, EXCERTOS E FRAGMENTOS
Anelo
Só aos sábios o reveles,
Pois o vulgo zomba logo:
Quero louvar o vivente
Que aspira à morte no fogo.
Na noite – em que te geraram,
Na noite que geraste – sentiste,
Se calma a luz que alumiava,
Um desconforto bem triste.
Não sofres ficar nas trevas
Onde a sombra se condensa.
E te fascina o desejo
De comunhão mais intensa.
Não te detêm as distâncias,
Ó mariposa! e nas tardes,
Ávida de luz e chama,
Voas para a luz em que ardes.
“Morre e transmuda-te”: enquanto
Não cumpres esse destino,
És sobre a terra sombria
Qual sombrio peregrino.
Selige Sehnsucht
Sagt es niemand, nur den Weisen,
Weil die Menge gleich verhöhnet:
Das Lebend’ge will ich preisen,
Das nach Flammentod sich sehnet.
In der Liebesnächte Kühlung
Die dich zeugte, wo du zeugtest,
Überfällt dich fremde Fühlung,
Wenn die stille Kerze leuchtet.
Nicht mehr bleibest du umfangen
In der Finsternis Beschattung,
Und dich reißet neu Verlangen
Auf zu höherer Begattung.
Keine Ferne macht dich schwierig,
Kommst geflogen und gebannt,
Und zuletzt, des Lichts begierig,
Bist du, Schmetterling verbrannt.
Und solang du das nicht hast,
Dieses: Stirb und werde!
Bist du nur ein trüber Gast
Auf der dunklen Erde
– Johann Wolfgang von Goethe [tradução Manuel Bandeira]. in. BANDEIRA, Manuel. Poemas traduzidos. Rio de Janeiro: Edições de Ouro, 1966, p. 25.
– Johann Wolfgang von Goethe, in: West-Östlicher Diwan, 1814-1819.